Porquê é que quando dizes "só duas bolachas", acabas por comer o pacote inteiro!

16-11-2016

Hoje venho-vos falar de algo, que com certeza, já vos aconteceu a todos! Quando têm aquele pacotinho de bolachas, batatas fritas ou caramelos, por exemplo, no armário e decidem abrir (só para tirar duas ou três), mas acabam por comer o pacote inteiro.

Afinal porquê é que isto acontece? Porque é que às vezes, simplesmente não dá para ficar "satisfeito" com um ou dois pedaços...porquê é que não conseguem parar?!

Para melhor entenderem o que está por detrás deste fenómeno (mais complexo do que imaginam), vou deixar aqui a minha tradução de um artigo da Kayla Itsines. Recebi a newsletter desta publicação no meu e-mail e achei importante partilhar com vocês!

" Se terminares sempre acidentalmente com um saco inteiro de batatas fritas, quando só pretendias uma ou duas, provavelmente estás familiarizado com o termo overeating. Talvez vás petiscando inocentemente quando estás no meio de um filme bom, ou quando te serviste-te em demasia num bom restaurante e senteste-te na obrigação de terminar. Duma maneira ou de outra, pôde haver uma razão para te sentires "impotente" para resistir.

Podes-te surpreender ao aprender que há umas razões mais profundas a respeito do porque de "comermos demais". Quando é fácil sentirmo-nos culpados e responsabilizarmo-nos por "ceder à tentação", é importante considerar que não é apenas a fome que te leva ao snack. Hoje vou falar sobre algumas das razões para o overeating e como podes evitá-lo.

O que nos empurra para o overeat?

Não é falta de vontade. Sim, há umas maneiras quebrar o ciclo vicioso do overeating, mas a razão de comermos (às vezes) mais do que nós pretendemos tem muito mais a ver com a quimica do que nossa habilidade de dizer não àqueles bolinhos.

Quando comes um alimento com açúcar, gordura ou sal, o teu cérebro grava um sentimento original de prazer. Isto pode provocá-lo para libertar "os produtos químicos felizes", a dopamina e a serotonina - uma combinação que nos pode deixar a sentir fantásticos. Como no nosso próprio "sistema de recompensa", esta reação química pode fazer com que nos mantenhamos a perseguir aquele sentimento bom.

Porque nos sentimos recompensados após estes alimentos, aquele que em que o craving é reforçado. Isto é porque nós queremos sempre um outro biscoito, mesmo quando nós não estamos com fome. Os nossos cérebros são tão sofisticados que, associam sugestões particulares com a realização da recompensa, conduzindo a que mantenhas um prazer particular. Aquela vontade repentina para algo doce enquanto passas numa padaria é a resposta a um impuso fisiológico e ao ambiente.

Por que temos vontade de "junk food"?

Os níveis elevados de açúcar, gordura e sal nos alimentos processados podem conduzir o nosso cérebro a estimular a produção dos neurotransmissores que produzem sensações prazerosas.

O nosso cérebro aprende que os alimentos com açúcar e gordura podem nos dar uma "recompensa maior" do que comendo veggies. Nós podemos começar a focalizar no fato de que comer aqueles alimentos nos deu um momento de prazer, que nos leva a querer recompensar outra vez. O desejo para essa recompensa pode tornar-se mais importante do que manter uma dieta aliementar saudável.

Comer fast/junk food ou alimentos altamente processados pode transformar-se num ciclo. Quanto mais nós comemos os alimentos que consideramos como uma recompensa, mais os vamos desejar. É por isso quequando paramos de comer estes alimentos, após um tempo torna-se muito mais fácil de resistir.

Como as pessoas que te rodeiam podem aumentar o overeating?

A maneira como os alimentos são comercializados para nós é quase uma ciência própria! Geralmente, os alimentos mais indulgentes estão cheios de gorduras trans, sal e açúcar. Estes aditivos são baratos para produzir, deixando mais dinheiro para usar em marketing. Todas essas palavras de marketing extravagantes são muitas vezes apenas para apelar para às nossas emoções - deixando-nos a acreditar que merecem atenção porque as nossas vidas estão tão ocupadas ou como um alívio do stresse. Claro, eu não estou a dizer que não se pode comer de vez em quando. Estou simplesmente a recomendar que se goste deles com moderação.

O que podemos fazer para quebrar um ciclo de excessos? Embora não haja maneira de se parar completamente o nosso cérebro para perseguir estes sentimentos que vêm dos alimentos ricos em açúcar, gordura ou sal (este é um processo completamente natural, afinal!), Existem maneiras para se poder retardar o desejo de comer demais. Comer demais é uma questão complexa, por isso é importante reconhecer que não podes não ser capaz de eliminar o hábito imediatamente. É preciso paciência e uma mudança de mentalidade para ajudar-te a quebrar o ciclo.

Podes ser capaz de reduzir o excesso de comida por:

Aprender a reconhecer os gatilhos - comes demais quando estás na frente da TV? Quando stressas? Compreender o que desencadeia o desejo pode ajudar-te a resolver e a evitá-lo.
Reduzir a exposição a sugestões. Por exemplo, opta por snacks mais saudáveis, como fruta desidratada, uma boa barra de cereais; já que reduzem a chance de comprar uma barra de chocolate por impulso.
Treina o teu cérebro para pensar em te sentes depois de comer demais. Comer um mão cheia de biscoitos não te vai ajudar a te sentires menos stressado ou cansado, em vez disso é mais provável que te sintas culpado ou até mesmo doente.
Quando o desejo bate, tente distrair-te com outra atividade ou simplesmente dizer não. O desejo de compulsão pode passar em apenas alguns minutos.
Encontre outras maneiras de fornecer esse sentimento de recompensa que estás inconscientemente a perseguir. Por exemplo, o exercício liberta endorfinas também!

Pode ficar mais fácil de quebrar padrões de overeating uma vez que sabes quando isso acontece e como podes evitá-los. A fim de fazer uma mudança positiva, precisas de parar de te sentir culpado por exagerar no passado e te concentrares em ser consciente no futuro. Enquanto podes ter-te sido frustrado contigo mesmo no passado para ceder, sei que podes assumir o controlo da situação. Agora que tens uma compreensão do porque é que o overeating acontece, espero que estejas melhor equipado para fazer escolhas mais saudáveis para o teu corpo."

Espero que este artigo vos tenha ajudado a compreender melhor, algo que achávamos que era normal e não tinha nenhuma "ciência", ou até lógica por detrás. Falando por experiência própria (louca por doces), muitas pessoas me perguntam: "ah, mas não te apetece um chocolate, um croissant, uns cheetos... como é que consegues não comer?!".

De vez em quando, evidentemente, também como, mas faço-o de forma consciente e quando decido que o vou fazer, voluntariamente. Antes realmente, era dificil não ceder, mas agora, simplesmente olho para as prateleiras do supermercado ou para a montra do bar e não me diz nada, nem tenho praticamente vontade de comer nada daquilo (confesso que até sinto um bocadinho de repulsa) - aprendi que podemos comer melhor e com mesmo sabor. É tudo psicológico! Ao fim de algum tempo o organismo acaba por se abster naturalmente destes alimentos, exatamente como num processo de reabilitação toxicodepende.

Afinal, o açúcar, gorduras trans e outros, não são nada além de drogas: substâncias altamente aditivas.